sexta-feira, 12 de junho de 2015

RECURSOS EXPRESSIVOS

RECURSOS EXPRESSIVOS

REVISÕES

a. “Tratava-se, apenas, de brincar com a leveza, a cor, a música das palavras.” (Luísa Dacosta)
Enumeração
b. É urgente o amor / É urgente um barco no mar.” (Eugénio de Andrade)
Anáfora
c. Lembrava uma aranha.” (Manuel da Fonseca)
Comparação
d. “A Mãe bebia as palavras do filho” (Miguel Torga)
Metáfora
e. “só parou quando a espuma das ondas lhe veio beijar os pés, muito maneirinha.” (José Cardoso Pires)
Personificação
f. “Pobres de nós! – gemiam os grandes jacarés.” (José Mauro Vasconcelos)
Personificação
g. O céu era como um lençol negro com pontinhos bordados e um buraco no meio(Álvaro Magalhães)
Comparação
h. Basta a fé no que temos. / Basta a esperança naquilo / que talvez não teremos.” (Sebastião da Gama)
Anáfora
i. “O rei […] deu um banquete em sua honra, com todos os condes, os marqueses, os barões e os grandes do reino.” (Italo Calvino)
Enumeração


 
 
   
 
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Não basta identificar os recursos expressivos, é importante compreender o seu valor expressivo, ou seja, qual o seu objetivo no texto, a forma como contribuem para enriquecer o texto.
Repara nos seguintes exemplos.
Subiu escadas, desceu escadas, entrou e saiu de cada sala, deu voltas ao jardim, tornou a correr a casa toda. Até que de repente parou e foi enroscar-se, como sempre, aos pés do meu pai, quer dizer, em frente da cadeira vazia onde meu pai costumava sentar-se.”
Manuel Alegre, Cão como Nós
 
A enumeração das ações do cão (1.º período) demonstra que este vasculhou a totalidade da casa em busca do ente querido. As antíteses (sublinhados) transmitem-nos a ideia de movimento e de agitação.
 
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Repara agora na lista de recursos na grelha abaixo e nalguns dos valores expressivos habitualmente associados a cada um dos recursos.
 
 
Recurso expressivo
Valor expressivo
1. Perífrase
Apresentar características da personagem, local ou ato; evitar repetições; valorizar ou desvalorizar um determinado facto.
2. Anáfora
Destacar palavras ou expressões, realçando a sua importância.
3. Metáfora
Salientar características semelhantes entre realidades distintas, levando o leitor a refletir sobre elas; sensibilizar o leitor através da imaginação.
4. Enumeração
Reforçar uma ideia.
5. Comparação
Estabelecer semelhanças entre duas realidades diferentes.
6. Personificação
Humanizar as personagens, por vezes, com objetivos pedagógicos.
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Antítese
 
Ex.: “E apenas conseguimos ouvir o barulho da tampa a abrir e a fechar a caixa que estava num canto da sala, e que tinha dentro a roupa.”
António Mota, Pardinhas
Sugere uma ideia de movimento, sendo que são movimentos opostos.
 
Eufemismo
Ex.: “roga a Deus, que teus anos encurtou
            que tão cedo de cá me leve a ver-te,”
Luís de Camões, Lírica Completa
 
Recurso a dois eufemismos que visam suavizar a ideia da morte. Perante a morte da amada, também o sujeito poético deseja morrer. 
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Ironia
 
Ex.: – Não preparaste a tua apresentação? Vai correr muito bem!
Pretende-se destacar o resultado da falta da preparação, apresentando um resultado inverso ao provável e criticando o interlocutor.
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Símbolorelação que associa algo (objeto, ser animado…) a uma ideia, a um conceito, a um sentimento.  
Ex.: Tanto que Brízida Vaz se embarcou, veo um judeu, com um bode às costas
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno
O bode carregado pelo Judeu no Auto da Barca do Inferno representa o judaísmo, a sua religião. 
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Símbolos
Significados
1. Pomba
c. Paz, pureza e esperança.
2. Estrela
j. Proteção, desejo, esperança e perfeição.
3. Laço
b. União, felicidade e energia.
4. Âncora
a. Firmeza, estabilidade e segurança.
5. Borboleta
e. Transformação, mudança, mas também algo momentâneo.
6. Coruja
i. Sabedoria e mistério.
7. Rosa
f. Amor, beleza e perfeição.
8. Água
g. Purificação, fertilidade e força.
9. Máscara
d. Falsidade, encobrimento e mentira.
10. Leme
h. Responsabilidade, prudência e controlo sobre o caminho a seguir, destino.
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Alegoria – série de imagens (metáforas, comparações) utilizadas para concretizar um pensamento ou uma realidade abstrata.
 
“chegamos sùpitamente a um rio, o qual per força havemos de passar em um de dous batéis que naquele porto estão, scilicet, um deles passa pera o paraíso, e o outro pera o inferno”
Auto da Barca do Inferno, in Teatro de Gil Vicente
Os dois batéis representam a salvação dos homens (o paraíso) ou a sua perdição (o inferno).  
 
Sinédoqueconsiste em tomar a parte pelo todo ou vice-versa, o singular pelo plural ou vice-versa.
“Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra que rega o Tejo ameno;
Pois contra o Castelhano tão temido
Sempre alcançou favor do Céu sereno.”
Luís de CamõesOs Lusíadas
 
 
Uso do singular para designar todos os mouros e todos os castelhanos.
 
a. “Tirar Inês ao mundo determina,(Luís de Camões) " Eufemismo
b. “Que, da Ocidental praia Lusitana, (Luís de Camões) " Sinédoque
c. “Vem um Frade com ũa Moça pela mão, e um broquel e ũa espada na outra, e um casco debaixo do capelo (Gil Vicente) " Símbolo
d. “Nem no campo flores, / nem no céu estrelas,” (Luís de Camões) " Anáfora
e. “Os montes de mais perto respondiam, / Quase movidos de alta piedade;” (Luís de Camões) " Personificação
f. “No domingo seguinte, melhorou-se o saldo com dois mortos e vinte feridos.(Vergílio Ferreira) " Ironia
g. “Ora aproximava a sua carreta, ora a afastava(Mário de Carvalho) " Antítese
h. A sua chegada foi uma surpresa inesperada. " Pleonasmo
i. “Pegou na carta e rasgou tudo em pedacinhos tão pequenos como as minhas lágrimas e as do Bruno.” (Ondjaki) " Comparação
j. Cav. Quem morre por Jesu Cristo / não vai em tal barca como essa.
Tornam a prosseguir, cantando, seu caminho direito à barca da Glória” (Gil Vicente) " Alegoria