REVISÕES
a.
“Tratava-se, apenas, de brincar
com a leveza, a cor, a música das palavras.”
(Luísa
Dacosta)
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Enumeração
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b.
“É urgente o amor / É urgente um barco no mar.” (Eugénio
de Andrade)
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Anáfora
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c.
“Lembrava uma aranha.” (Manuel
da Fonseca)
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Comparação
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d. “A
Mãe bebia as
palavras do filho” (Miguel
Torga)
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Metáfora
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e.
“só parou quando a espuma das ondas lhe veio
beijar os pés, muito maneirinha.” (José
Cardoso Pires)
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Personificação
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f.
“Pobres de nós! – gemiam os grandes jacarés.” (José
Mauro Vasconcelos)
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Personificação
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g.
“O céu era como um lençol negro com
pontinhos bordados e um buraco no meio”
(Álvaro
Magalhães)
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Comparação
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h.
“Basta a
fé no que temos. / Basta
a esperança naquilo / que talvez não
teremos.” (Sebastião
da Gama)
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Anáfora
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i.
“O rei […] deu um banquete em sua
honra, com todos os
condes, os marqueses, os barões e os grandes do reino.” (Italo
Calvino)
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Enumeração
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Não basta identificar os recursos
expressivos, é importante compreender o seu valor
expressivo, ou seja, qual o seu objetivo no texto, a forma como contribuem para
enriquecer o texto.
Repara nos seguintes exemplos.
“Subiu escadas, desceu escadas, entrou e saiu de cada sala, deu voltas ao
jardim, tornou a correr a casa toda. Até que de repente parou e foi
enroscar-se, como sempre, aos pés do meu pai, quer dizer, em frente da cadeira
vazia onde meu pai costumava sentar-se.”
Manuel Alegre, Cão como Nós
A
enumeração
das ações do cão (1.º
período) demonstra
que este vasculhou a totalidade da casa em busca do ente querido. As antíteses (sublinhados)
transmitem-nos
a ideia de movimento e de agitação.
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Repara
agora na lista de recursos na grelha abaixo e nalguns dos valores expressivos
habitualmente associados a cada um dos recursos.
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Antítese
Ex.:
“E apenas conseguimos ouvir o
barulho da tampa a abrir e a fechar a caixa que estava num canto da sala, e que
tinha dentro a roupa.”
António
Mota, Pardinhas
Sugere uma ideia de movimento,
sendo que são movimentos opostos.
Eufemismo
Ex.:
“roga a Deus, que teus anos
encurtou
que tão cedo de cá me leve a
ver-te,”
Luís
de Camões, Lírica Completa
Recurso
a dois eufemismos que visam suavizar a ideia da morte. Perante a morte da
amada, também o sujeito poético deseja morrer.
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Ironia
Ex.:
– Não preparaste a tua
apresentação? Vai correr muito bem!
Pretende-se
destacar o resultado da falta da preparação, apresentando um resultado inverso
ao provável e criticando o interlocutor.
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Símbolo – relação
que associa algo (objeto, ser animado…) a uma ideia, a um conceito, a um
sentimento.
Ex.:
“Tanto que Brízida Vaz se embarcou, veo um
judeu, com um bode às costas”
Gil Vicente, Auto
da Barca do Inferno
O
bode
carregado pelo Judeu no Auto
da Barca do Inferno representa o judaísmo, a sua
religião.
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Alegoria –
série de imagens (metáforas, comparações) utilizadas para concretizar um
pensamento ou uma realidade abstrata.
“chegamos
sùpitamente a um
rio, o qual per força havemos de passar em um de dous batéis que naquele porto
estão, scilicet, um
deles passa pera o paraíso, e o outro pera o inferno”
Auto
da Barca
do Inferno, in Teatro de Gil Vicente
Os dois batéis representam a
salvação dos homens (o paraíso) ou a sua perdição (o inferno).
Sinédoque – consiste
em tomar a parte pelo todo ou vice-versa, o singular pelo plural ou vice-versa.
“Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda
a terra que rega o Tejo ameno;
Pois
contra o Castelhano tão temido
Sempre
alcançou favor do Céu sereno.”
Luís de Camões, Os
Lusíadas
Uso
do singular para designar todos os mouros e todos os castelhanos.
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