“ A Ilha dos Amores”

O
episódio da Ilha dos Amores localiza-se no final do canto IX e dá-se durante a
viagem de regresso da armada portuguesa responsável pela expedição pioneira que ligou Portugal à Índia por mar.
Os navegadores lusitanos autores de tão grandioso feito dirigiam-se para a
pátria, quando avistaram a Ilha,
deslocando-se
ao seu encontro.
Os
portugueses depararam-se com uma ilha paradisíaca de paisagens exuberantes que
lhes proporcionou
o
merecido descanso, quer através dos inúmeros manjares disponíveis, quer através
da companhia de belas ninfas.
A
localização geográfica da Ilha não é mencionada porque não é revelante, o que
importa é que ali foi conduzida por Vénus para se cruzar com a armada
portuguesa.
Com o
objetivo de realçar
a beleza da
Ilha, encontramos uma gradação
ascendente da vista sobre a mesma, iniciando com uma visão geral “Houveram vista da Ilha namorada” e
transmitindo cada vez mais a sua aproximação “De longe a ilha viram”, acabando
pelo aspeto completo desta, centrando-se
na sua
fauna e flora:
“Três fermosos outeiros se mostravam”, “A cidreira com os pesos amarelos”.

Tempos
verbais predominantes e respetiva importância
A partir da leitura de diversas estrofes do
episódio constamos
o uso
predominante de tempos verbais como o presente, o pretérito-imperfeito e
a forma do gerúndio.
Estes servem
para conferir ao leitor a sensação de que a ação
é contínua,
ainda está a ocorrer.
Nas
expressões: “levava”, “adornavam”, “estão” e “subindo” comprovamos o valor
durativo que se pretende conceder à aventura.

A
Ilha é uma metáfora usada para
materializar a recompensa dos portugueses pelos feitos atingidos, e os prazeres nelas presentes são a representação dos prémios por dilatarem, em fama e glória, a pátria.
O contacto
com as Ninfas representa o prémio máximo, pois ao aproximar os navegadores
destes seres, Camões compara-os aos deuses e eleva-os à condição de imortais
Porém,
este não é o único motivo evidenciado, a partir da análise dos vários versos,
verificamos que o poeta também possuía a
ideia de condenar a cobiça e a tirania.
Podemos
concluir que é possível aos humanos atingir a imortalidade, mas há que ser
autor de obras verdadeiramente valerosas.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.