sábado, 25 de abril de 2015

" A ILHA DOS AMORES"



“ A Ilha dos Amores”

 
   O episódio da Ilha dos Amores localiza-se no final do canto IX e dá-se durante a viagem de regresso da armada portuguesa responsável pela expedição pioneira que ligou Portugal à Índia por mar. Os navegadores lusitanos autores de tão grandioso feito dirigiam-se para a pátria, quando avistaram a Ilha, deslocando-se ao seu encontro.
   Os portugueses depararam-se com uma ilha paradisíaca de paisagens exuberantes que lhes proporcionou o merecido descanso, quer através dos inúmeros manjares disponíveis, quer através da companhia de belas ninfas.

A localização geográfica da Ilha não é mencionada porque não é revelante, o que importa é que ali foi conduzida por Vénus para se cruzar com a armada portuguesa.


 O episódio  mostra  a vontade de Vénus em premiar o seu amado povo lusitano com a oferta da paragem numa ilha paradisíaca, “fresca e bela”, encantada pela beleza da Natureza das “fontes límpidas”, da “verdura” e das “Mil árvores” que “estão ao céu subindo”. Nessa ilha maravilhosa, os portugueses foram cortejados e namorados pelas sedutoras ninfas.

  Com o objetivo de realçar a beleza da Ilha, encontramos uma gradação ascendente da vista sobre a mesma, iniciando com uma visão geral “Houveram vista da Ilha namorada” e transmitindo cada vez mais a sua aproximação “De longe a ilha viram”, acabando pelo aspeto completo desta, centrando-se na sua fauna e flora: “Três fermosos outeiros se mostravam”, “A cidreira com os pesos amarelos”.
 
 
Tempos verbais predominantes e respetiva importância
  A partir da leitura de diversas estrofes do episódio constamos o uso predominante de tempos verbais como o presente, o pretérito-imperfeito e  a forma do gerúndio.
   Estes servem para conferir ao leitor a sensação de que a ação é contínua, ainda está a ocorrer. Nas expressões: “levava”, “adornavam”, “estão” e “subindo” comprovamos o valor durativo que se pretende conceder à aventura.
A Ilha é  uma metáfora usada para materializar a recompensa dos portugueses pelos feitos atingidos, e os prazeres nelas presentes são a representação dos prémios por  dilatarem, em fama e glória, a pátria.
  O contacto com as Ninfas representa o prémio máximo, pois ao aproximar os navegadores destes seres, Camões compara-os aos deuses e eleva-os à condição de imortais
Porém, este não é o único motivo evidenciado, a partir da análise dos vários versos, verificamos que  o poeta também possuía a ideia de condenar a cobiça e a tirania.
Podemos concluir que é possível aos humanos atingir a imortalidade, mas há que ser autor de obras verdadeiramente valerosas.
 

 

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